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    Ler é libertador

    Não existem receitas prontas para a vida, mas seguir um caminho que ajudou outras pessoas, aumenta muito suas chances de acertar. Portanto, vou contar como ler foi transformador para mim e pode ser para você.

    A leitura entrou em minha vida relativamente cedo e quase que por acidente. Eu tinha por volta de 5 anos e estava aflito, pois meus pais haviam dado um ultimato aos meus irmãos mais velhos para que aprendessem a ler. Assim, em casa, com o ensino do meu irmão mais velho, que fui apresentado à leitura. Quando fiquei sabendo que o ultimato não se aplicava a mim, já era “tarde”.

    Comecei com histórias em quadrinhos, revistas de variedades e curiosidades. Algum tempo depois, ao fazer perguntas, era instruído a procurar respostas nas enciclopédias. Mais tarde, já estava fazendo isso por conta própria.

    Lembro de eu viajar por países diversos, conhecer animais e suas particularidades, descobrir mistérios e curiosidades, aprender e por fim crescer. Logo, descobri a biblioteca da escola. Lá havia novos livros, maquetes do corpo humano, mapas e muitos materiais que não eram levados à sala de aula. Na escola, lembro de emprestar uma coletânea do Sítio do Picapau Amarelo, um fascículo que eu mal conseguia segurar.

    Vivíamos em uma cidadezinha bem pequena e levado pela leitura desbravei o planeta, o universo, as estrelas e invenções incríveis, tanto para o bem quanto para o mal. O hábito da leitura abriu as portas para o mundo e me permitiu entender um pouco de tudo que me cercava, desde minha infância. Este costume, me permitiu viajar, sem sair do lugar.

    Mas os benefícios do hábito de ler vão além, eles promovem transformações em nível neurológico e cognitivo. Eu soube disso antes de ver estudos a respeito, afinal, é a única explicação para alguém conhecer concordância verbal e nominal, acentuação e gramática, sem ter decorado regras gramaticais e ortográficas. E acredite, não tenho nada de especial; qualquer pessoa que leia bastante terá o benefício de assimilar inconscientemente as normas de sua língua. Isso, se o texto for escrito nestas normas.

    Ok. E qual a utilidade de conhecer a “norma culta do idioma”? Ser um chato que vai ficar corrigindo as outras pessoas? Não meu caro amigo. Corrigir os outros sem ser consultado é bem deselegante, inclusive. Há outras transformações cerebrais trazidas pelo hábito de ler. Assimilar as estruturas linguísticas e estar familiarizado a elas, te ajuda na horas de aprender outras línguas.

    Dominar um idioma facilita o aprendizado de novos conhecimentos e treina o cérebro a buscar padrões lógicos. Esta é a última ajuda da leitura que vou citar: Foi através da leitura que aprendi a programar. E programas, nada mais são, do que instruções escritas para computadores, em algum “idioma de máquina”. A diferença entre computadores e pessoas é que as pessoas conseguem entender uma escrita fora dos padrões formais da linguagem, enquanto computadores (em baixo nível) não. Por isso, ser um bom leitor e escritor em algum idioma, te fará um programador melhor.

    Por transformar você em seu próprio professor, por permitir ampliar seus horizontes, por ampliar suas capacidades, posso garantir. Ler é libertador!